Fylgja

Olá eu sou Suev Tyrson é um prazer que de alguma forma você está lendo essas linhas, existimos para desmistificar, para que seja mais fácil para você poder compreender um pouco mais sobre você mesmo. Esse pequeno trabalho tem como objetivo trazer um pouco de Luz ao tema do animal de Poder dentro da nossa belíssima religião sendo tratado pelo nome de Fylgja (plural fylgjur ), tudo o que é, mas também o que não é, para fugir de enganos, no livro Sonhos nas tradições islandesas de 1958, podemos encontrar a palavra Fylgja relacionada a placenta e se buscamos o islandes atual encontramos sua tradução literal para seguir, seguidor.

A partir daí podemos começar a racionalizar o pensamento de que é a Fylgja, como uma entidade que se conecta a nós através da placenta e que nos seguem, mas não é apenas isso. Está correta a ideia de conexão primeira, ou seja, diretamente na placenta, mas devemos nos lembrar que no ritual de nomeação, nossas avós nos conecta a poderosa linha das Disiris do nosso sangue, nossa família a Hamingja individual, mas também que nossa família carrega, não podemos confundir os dois termos que são diferentes.

Devemos ver a Fylgja  como uma das partes do nosso EU ( Self ), nossa religião possui a divisão do Eu e muitas partes, mas não é de momento o tema do nosso estudo nos aprofundar nas partes do EU, mas você não deve confundir com o ideal de alma, pois cada parte do seu EU é sozinha uma entidade única, mas também interligada entre todas elas, não sendo assim apenas UM, mas a soma de muitos, lembrando que a palavra Sál, alma, em nordico antigo apenas surge no período das conversões de sangue. 

Nada é mais íntimo a você mesmo que a sua Fylgja, já que ela é a manifestação espiritual ou algumas vezes física ( dependendo da força do seu önd ) do poder de uma parte do seu, EU. Tudo o que acontece com você possui reflexos na sua Fylgja e o que acontecer com a sua Fylgja com você. 

Vamos nos aprofundar um pouco mais nessa parte.

A via de conhecimento do todo parte de um caminho que começa dentro de você,ou seja, você se interioriza para depois poder compreender mais, como dito sua Fylgja está com você desde o seu nascimento então ela é parte do seu Eu interior que é um dos caminhos para entender e buscar o que está além da percepção profana. Muitos grandes líderes possuem ou possuíam tanta força no seu próprio önd que a sua própria Fylgja traz reflexos no nossos plano, exemplos pequenos podem ser sentidos por exemplo quando você sente que Aquela pessoa está chegando ou quando você chega em um lugar pela primeira vez aquele lugar não é de todo estranho a você, já que a sua Fylgja já tinha chegado antes ao lugar ou no caso anterior a Fylgja Daquela pessoa ali já estava.

Na Saga de Egil , há referências a Egil e Skallagrim se transformando em lobos ou ursos, e há exemplos de mudança de forma na Saga do Rei Hrolf Kraki , onde Bodvar Bjarki se transforma em urso durante uma batalha como última resistência . Essas transformações estão possivelmente implícitas nas descrições da saga de berserkers que se transformam em animais ou exibem habilidades bestiais, tudo isso pelo poder do önd associado a Hamingja individual.

Você não é dono da sua Fylgja e ela tampouco é sua dona, o que acontece é um reflexo de uma parte de você mesmo que adota ( na maioria das vezes ) uma forma animal, seu animal de poder possui uma conexão com quem você realmente é, sem filtros, mas sim possui a influência do seu meio externo. Não raras vezes podemos encontrar nosso animal de poder ferido e precisando da nossa ajuda. Você já sentiu ou ouviu alguém falar que se sentia morto por dentro, que alguma parte de você não estava bem, em esses casos alguma dor foi tão grande que fez um reflexo dentro de do seu EU e afetou a sua Fylgja. Desde o momento em que você encontrar com o seu animal ( em muitos casos animais ) de poder você vai poder começar um processo para curar muitas dores que traz a tanto tempo que a ferida e a dor já fazem do seu dia a dia.

Seu animal de poder além de caminhar para um entendimento maior do todo, ele pode lhe ajudar ou interceder em muitos aspectos dentro do reino ou caminhos fora da realidade objetiva já que é ali que sua Fylgja reside. A partir do momento em que você tiver esse belo encontro, você vai se sentir mais conectado a uma parte adormecida de você mesmo, o caminho para aceder a sua önd vai ser mais fácil e a partir disso o entendimento sobre como chegar ao seu norte pessoal (como um objetivo/destino)  vai se tornar menos nebuloso. 

Para finalizar esse rápido trabalho gostaria que você tivesse em mente que não existem hierarquias de animais ou seja uma Fylgja que possui a forma de um grande Urso negro não é mais forte ou importante que de uma pequena aranha domestica. Animais de poder possuem características ligadas a conceitos diferentes uns dos outros como por exemplo:

Lobo: traz instinto, inteligência, apetite pela liberdade e consciência da importância das conexões sociais.

Urso: é um símbolo de força e forças de ancoragem. Este animal tem sido adorado ao longo do tempo como um espírito poderoso, inspirando aqueles que dele precisam a coragem de se levantar contra as adversidades. Como um animal espiritual em contato com a terra e os ciclos da natureza.

Aranha: figura notável de energia feminina e criatividade no reino animal espiritual elas são caracterizadas pela habilidade de tecer teias intrincadas e paciência para esperar suas presas. Por afinidade com o espírito animal da aranha, você pode ter qualidades de alta receptividade e criatividade. Ter a aranha como animal de poder ou totem ajuda você a se sintonizar com os fluxos e refluxos da vida e a traçar engenhosamente cada passo de seu destino.

Isso quer dizer que depois que você encontrar seu animal pela primeira vez, busque informações sobre ele, como se comporta, como vive, como é seu comportamento social, isso pode lhe ajudar a entender uma parte de você mesmo e também como se comunicar com a sua Fylgja 

Bibliografia:

«Gísla Saga». snerpa.is. Retrieved June 1, 2019.

Mircea Eliade , Xamanismo. Archaic Techniques of Ecstasy(1968), Princeton University Press, 2004, 72, citando Leo Sternberg, Divine Election in Primitive Religion , Congrès International des Américanistes, 1924, 476 ff.

Turville-Petre, G. (1958). Dreams in Icelandic Traditions. Folklore Enterprises. pp. 93–11.

Blaney, Benjamin (1972). The Berserker: His Origin and Development in Old Norse Literature. Ph.D. Diss. University of Colorado. p. 20